(English version at the bottom)
Tive o prazer de bater um papo com Osmar Aleixo, engenheiro eletricista e pós-graduado em automação industrial. Osmar é atualmente instrutor do SENAI-SP, onde ensina as unidades curriculares de programação de Controlador Lógico Programável (CLP) e integração de sistemas automatizados. Conversamos sobre a sua trajetória profissional e a formação da nova geração nesse setor.
Algumas semanas atrás me deparei com a grade curricular do curso “Tecnologia em Mecatrônica Industrial” oferecido pelo SENAI. Fiquei contente de ver um alinhamento entre os temas abordados e as demandas atuais da indústria. Assim como as tecnologias evoluem constantemente, Osmar explicou que o mesmo ocorre durante a definição de uma grade curricular. Durante o processo de reformulação da grade do curso, estão presentes representantes educacionais e da indústria. Somente após as propostas terem sido revisadas e aprovadas é que haverá uma atualização. A última versão foi atualizada neste ano de 2020.
Os alunos que tiverem a oportunidade de integrar esse curso de tecnologia irão aprender na teoria, mas sobretudo na prática, os pontos-chave para aplicar esses conhecimentos e agregar valor no chão de fábrica. Com essa bagagem técnica, é possível o inserimento no mercado de trabalho em diversos tipos de cargos e indústrias. Para citar alguns exemplos, é possível trabalhar na manutenção industrial, no desenvolvimento de máquinas, na implementação e gestão de projetos e retrofits, e na integração de sistemas automatizados. Osmar ressaltou que apesar de ter um tempo médio menor que os cursos tradicionais de engenharia, o objetivo desse tipo de formação é focar em desenvolver as habilidades e competências que demandam os empregadores da região. Nesse caso, em Sorocaba (SP), a indústria automobilística há uma forte presença e movimenta o mercado de trabalho com as grandes montadoras, bem como todas as empresas da cadeia de suprimentos de peças e fornecedores associados.
A multidisciplinaridade do técnico mecatrônico atrai a atenção dos recrutadores. Tradicionalmente, as empresas costumavam incluir nas suas equipes técnicas profissionais das três categorias: mecânica, elétrica e eletrônica. Osmar ressaltou que embora o perfil mecatrônico tenha um conhecimento específico inferior comparado ao profissional vindo de cada uma dessas três especialidades, as eventuais lacunas no conhecimento podem ser rapidamente preenchidas nas empresas com o trabalho de campo. Com a bagagem do curso de tecnologia mostrado acima, grande parte das operações cotidianas de uma fábrica pode ser completada com sucesso. Além disso, os profissionais de mecatrônica trazem um ótimo domínio dos processos importantes de manufatura como, por exemplo, aplicações com acionamentos elétricos e a integração de sistemas automatizados.
Osmar iniciou sua carreira trabalhando na manutenção de sistemas elétricos, onde passou por empresas integradoras de serviços e também por multinacionais ligadas ao setor automobilístico. A transição para o ambiente de automação industrial ocorreu somente após quase uma década no mercado de trabalho. Esse exemplo mostra ser possível mudar de área. Durante uma transição de carreira, o SENAI oferta diversos cursos pontuais alinhados com a indústria e ministrados por profissionais experientes como o Osmar.
Melhorar a capacidade técnica das nossas comunidades, por meio de uma melhor integração entre a indústria e os centros de formação, é essencial para o país melhorar sua produtividade. Uma referência é o ranking de competitividade global realizado pelo World Economic Forum [1] que avalia diversos fatores sociais e econômicos divididos em doze pilares. Em 2019, o Brasil ocupou a posição número setenta e um nessa classificação, ou seja, bem longe dos países do topo da lista e o último dos BRICS. A contribuição de centros de formação como o SENAI pode contribuir diretamente com a melhoria de um dos pilares desse índice: as habilidades da mão de obra atual e futura. Nesse pilar são avaliados pontos como os anos de estudo, a qualidade da formação, as habilidades dos formandos e a capacidade de encontrar mão de obra qualificada. Além disso, indiretamente outros pilares desse índice também podem se beneficiar de uma mão de obra mais qualificada, tais como a infraestrutura, a tecnologia da informação e a capacidade de inovação. O único modo para conseguir implementar melhorias nesse campo em larga escala é com a sintonia entre indústria e centros de formação.
-----
I had the pleasure of chatting with Osmar Aleixo, an electrical engineer who holds a post-graduate degree in industrial automation. Osmar is currently an instructor at SENAI-SP, where he teaches the curricular units of Programmable Logic Controller (PLC) programming and automated system integration. We talked about his professional trajectory and the formation of the new generation in this sector.
A few weeks ago, I came across the curriculum of the “Technology in Industrial Mechatronics” course offered by SENAI. I was pleased to see an alignment between the topics covered and the current demands of the industry. Just as technologies are constantly evolving, Osmar explained that the same occurs when defining a curricular grid. During the process of reformulating the course schedule, educational and industry representatives are present. Only after the proposals have been reviewed and approved will there be an update. The last version was updated this year in 2020.
Students who have the opportunity to take this technology course will learn in theory, but especially in practice, the key points to apply this knowledge and add value on the factory floor. With this technical background, it is possible to enter the job market in various types of positions and industries. To name a few examples, it is possible to work in industrial maintenance, in machine development, in the implementation and management of projects and retrofits, and in the integration of automated systems. Osmar pointed out that despite having a shorter average time than traditional engineering courses, the objective of this type of technical degree is to focus on developing the skills and competencies demanded by employers in the region. In this case, in Sorocaba (SP), the automotive industry has a strong presence and moves the job market with the large automakers, as well as all the smaller companies in the automotive supply chain.
The multi-disciplinarity of the mechatronics technician attracts the attention of recruiters. Traditionally, companies used to include in their technical teams professionals from the three categories: mechanical, electrical, and electronics. Osmar pointed out that although the mechatronic profile has a lower specific knowledge compared to the professional coming from each of these three specialties, eventual gaps in knowledge can be quickly filled in the companies with field work. With the background of the technology course shown above, much of the day-to-day operations in a factory can be completed successfully. In addition, mechatronics professionals bring a very good know how of important manufacturing processes, such as applications with electrical drives and the integration of automated systems.
Osmar began his career working in electrical maintenance, where he worked for service integrator companies and also for multinational companies linked to the automotive sector. The transition to the industrial automation environment occurred only after almost a decade in the job market. This example shows that it is possible to change careers. During a career transition, SENAI offers several punctual courses aligned to the industry and taught by experienced professionals like Osmar.
Improving the technical capacity of our communities, through better integration between industry and training centers, is essential for the country to improve its productivity. A reference is the global competitiveness ranking conducted by the World Economic Forum [1], which evaluates various social and economic factors divided into twelve pillars. In 2019, Brazil ranked number seventy-one in this classification, i.e., far away from the countries at the top of the list and the last of the BRICS. The contribution of training centers like SENAI can contribute directly to the improvement of one of the pillars of this index: the skills of the current and future workforce. In this pillar, points such as years of study, quality of training, trainees' skills and the ability to find qualified labor are evaluated. In addition, indirectly, other pillars of this index can also benefit from a more qualified labor force, such as infrastructure, information technology and innovation capacity. The only way to be able to implement improvements in this field on a large scale is by getting aligned training centers and industrialists.
References:
[1] http://www3.weforum.org/docs/WEF_TheGlobalCompetitivenessReport2019.pdf
Further readings:
https://faculdades.sp.senai.br/tecnologia-em-mecatronica-industrial
No comments:
Post a Comment