(English version at the bottom)
Tive o prazer de bater um papo com Thiago Penezi, engenheiro de controle e automação,
que possui uma sólida bagagem em integração de sistemas industriais da última
geração. Nossa conversa abordou as habilidades práticas demandadas pelos
profissionais atuando em campo, técnicas de resolução de problemas e exemplos de desafios enfrentados.
Thiago teve a oportunidade de acumular experiência
em grandes empresas de diversos setores. Iniciando na indústria de máquinas de
construção, passando pelas indústrias têxtil e química, atualmente ele faz parte de
uma empresa que é Solution Partner da Siemens. Seus projetos são principalmente voltados para os setores
de papel e celulose e para extrusão e laminação de filmes plásticos.
Essas passagens contribuíram para o aumento de seu portfólio e elas foram
fundamentais para suas conquistas como integrador de sistemas, que requerem uma
multidisciplinaridade e a entrega de projetos de ponta a ponta.
Uma das suas atividades principais é a programação de Controladores Lógico Programáveis (CLP). No entanto, ele também realiza o desenvolvimento de interfaces homem-máquina (IHM) e de sistemas supervisórios
SCADA, além do comissionamento de inversores de frequência. Thiago
adota boas práticas, como, por exemplo, construindo um software modular, usando
extensivamente os Function Blocks (FB) e
criando variáveis dentro das FBs de modo a evitar o uso de variáveis globais.
Como muitos de seus projetos incluem também a interface com os utilizadores por meio de uma IHM ou por sistemas de supervisão SCADA, ele se atenta muito às criações dos alarmes e
falhas. Para obter um sistema de alarmes ideal, o trabalho começa no programa do
CLP, que irá apresentar os estados da máquina ou do processo da melhor maneira
possível. Nesse caso, ele utiliza uma técnica simples e eficaz, criando uma
word (16 bits) para os alarmes e outra word para as falhas, onde cada um dos
bits representa um alarme ou falha.
Outro ponto importante é evitar a avalanche de
alarmes, que faz o sistema perder significativamente a eficiência. Um sistema
que mostra excessivamente alarmes simultâneos faz com que os operadores
adquiram o hábito de pressionar o botão de reset, desconsiderando as anomalias e as suas causas. Na prática, Thiago recomenda que na IHM não sejam indicadas simultaneamente mais do que cinco falhas. Para isso, deve-se criar uma lista de prioridades dos alarmes e classificá-los conforme a severidade.
A resolução de problemas faz parte da rotina do entrevistado, que
além de desenvolver projetos, também realiza atendimentos emergenciais e manutenções corretivas. Seu procedimento de análise inicia com o
entendimento do funcionamento normal da máquina (ou processo) e com a
identificação de onde o ciclo está parando. A segunda fase tem duas vertentes dependendo se existe acesso ao
projeto da IHM ou do SCADA, ou não.
Havendo o projeto da IHM ou do SCADA, fica um pouco mais fácil, por ser possível fazer o caminho inverso, encontrando o endereço da memória que
sinaliza a falha e, então, verificando as condições que geram a determinada
falha. Quando não é disponível o projeto, Thiago conduz uma
verificação das entradas e saídas do CLP, bem como dos sensores e atuadores
pertinentes à falha. Um tipo de problema muito recorrente é na rede de comunicação da
máquina. Esse problema está normalmente relacionado ao cabo de rede, que pode estar danificado ou
estar passando em conjunto com cabos de potência. Outro problema comum é no
conector do cabo de rede que dependendo do ambiente oxida. Existem casos onde o problema é
um resistor de terminação que após uma manutenção foi deixado ativado ou
desativado indevidamente, ou então casos em que o cliente simplesmente substitui um
dispositivo sem se atentar à versão do firmware, não atualizando a configuração de hardware carregada no CLP,
gerando um erro na comunicação.
Nosso bate-papo se concluiu com dicas sobre as
habilidades que ele procura ao selecionar um profissional para integrar sua
equipe. Thiago
ressalta que ele deseja haver um colega que goste de aprender e possui o hábito de aprendizado contínuo. Além disso, ele acha importante que o profissional seja
caprichoso, dedicado, tenha uma boa organização e seja responsável. Isso me fez
pensar em uma frase de uma professora que tive durante a universidade que
disse “é necessário aprender a aprender”.
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I had the pleasure of chatting with Thiago Penezi, an automation engineer, who has a solid background in the integration of state-of-the-art industrial control systems. Our conversation covered the practical skills demanded by professionals working in the field, troubleshooting techniques and examples of challenges faced.
Thiago had the opportunity to accumulate experience in large companies in different sectors. Starting in the construction machinery industry, passing through the textile and chemical industries, he is currently part of a company that is a Solution Partner of Siemens. Most of his projects are in pulp and paper sector, as well as in the extrusion and lamination of plastic films. These experiences contributed to the growth of his portfolio and have been instrumental in his achievements as a systems integrator, which require a multidisciplinary approach and the delivery of end-to-end projects.
One of his main activities is the programming of Programmable Logic Controllers (PLC). However, he also carries out the development of human-machine interfaces (HMI) and SCADA systems, in addition to the commissioning of frequency inverters. Thiago adopts good practices, such as building modular software, using Function Blocks (FB) extensively and creating variables within FBs in order to avoid using global variables. As many of his projects also include interfacing with users via an HMI or by SCADA systems, he is very attentive to the creation of alarms and faults. To obtain an ideal alarm system, the work starts in the PLC program, which will present the status of the machine or process in the best possible way. In this case, he uses a simple and effective technique, creating a word (16 bits) for alarms and another word for faults, where each one of the bits represents an alarm or a fault.
Another important point is to avoid the avalanche of alarms, which makes the system lose efficiency significantly. A system that excessively shows simultaneous alarms makes the operators acquire the habit of pressing the reset button, disregarding the anomalies and their causes. In practice, Thiago recommends that the HMI should not show more than five faults simultaneously. For this, a priority list of alarms should be created and classified according to severity.
Troubleshooting
it is part of the interviewee's routine, who in addition to developing
projects, also performs emergency services and corrective maintenance. His analysis
procedure begins with the understanding of the normal operation of the machine
(or process) and the identification of where the cycle is stopping. It is
essential to understand where the service is being performed. The second phase
is twofold, depending on whether there is access to the HMI or SCADA project or not.
If the HMI or SCADA project is available, it is a little easier, because it is possible
to do the reverse path, finding the memory address that signals the fault and then checking the conditions that generate the particular fault. When the project is not available, Thiago does a hardware check of the PLC
inputs and outputs, as well as the sensors and actuators relevant to the
failure.
A recurring type of problem is in the machine's communication network. This issue is usually related to the network cable, which may be damaged or may be passing in conjunction with power cables. Another common concern is in the network cable connector that depending on the environment oxidizes. There are cases where the problem is a termination resistor that after maintenance has been left activated or deactivated improperly, or cases where the customer simply replaces a device without paying attention to the firmware version, not updating the hardware configuration loaded into the PLC, generating a communication error.
Our chat concluded with tips on the skills he looks for when selecting a professional to join his team. Thiago emphasizes that he wants to have a colleague who likes to learn and has the habit of continuous learning. In addition, he thinks it is important that the professional is dedicated, has good organization and is responsible. This made me think of a sentence from a teacher I had during university who said “it is necessary to learn how to learn”.
Muito legal o bate papo! Passou de forma simples e direta as tarefas básicas de um profissional de automação, especialmente os que vão para campo.
ReplyDeleteBate papo ficou bem leve! Parabéns aos envolvidos!