(English version at the bottom)
Tive o
prazer de bater um papo com o Paulo
Henrique V. Soares, engenheiro eletricista sênior de uma multinacional brasileira que é uma das
maiores mineradoras do mundo. O
foco da nossa conversa foi a Indústria 4.0 (I4.0).
Para Paulo Henrique, as maiores lacunas
que as empresas enfrentam são atualmente relacionadas à falta de capacitação
profissional. De um lado, isso pode ser devido à formação, em particular dos
cursos técnicos, que sofreram uma redução da grade horária e da duração. Por outro lado, existe um desfasamento entre a matriz das habilidades dos
profissionais e a demanda do mercado.
Muitos projetos ligados à I4.0 não
conseguem ser completados com sucesso. Uma dica dada pelo entrevistado, foi na
importância em haver uma comunicação clara entre os demais stakeholders do
projeto. Além disso, ele recomenda fixar um escopo objetivo e evitar adicionar
funções posteriormente, focando nos pontos que realmente importam e agregam
valor.
Na jornada da digitalização o papel dos
líderes é fundamental. Para Paulo Henrique, uma das prioridades dos líderes é
de continuamente trabalhar na capacitação das equipes. É normal que as equipes
possuam alguns profissionais excepcionais “fora da curva”, no entanto, ele ressalta a importância em desenvolver horizontalmente as habilidades
do time. Dessa forma é possível aumentar o patamar de toda à equipe de
modo que todos os membros resolvam os demais problemas
enfrentados.
O aumento da digitalização traz um grande desafio tecnológico ao chão de fábrica ligado à cibersegurança. Ataques cibernéticos são uma realidade e alguns exemplos que ocorreram em ambientes industriais nos últimos anos são: o LockerGaga que encriptou dados de uma grande empresa siderúrgica norueguesa ano passado, o NotPetya que rapidamente se propagou e afetou diversas grandes empresas na Europa em 2017, e talvez o mais impressionante Stuxnet, descoberto em 2010, que atacou usinas de enriquecimento de urânio no Irã. Como mostram esses exemplos, empresas multinacionais não são imunes a ataques dessa categoria. Além disso, os ataques podem ser feitos intencionalmente ou não e por agentes internos ou externos. O ponto é que com o aumento da digitalização, ocorre também uma maior exposição dos sistemas industriais.
Paulo Henrique lembrou algumas boas práticas que podem ser adotadas para se proteger. A segregação das redes industriais em VLANs por áreas de processos, por exemplo, ou o impedimento de acesso às redes industriais, seja por meio físico, com portas, cadeados, bloqueamento das portas dos switches, que por meio software configurando corretamente firewalls. Além disso é importante manter um controle de firmware em dia dos demais dispositivos.
Nosso bate-papo se concluiu de forma
pragmática. Paulo Henrique mencionou que antes de passar à I4.0, bons resultados
já poderiam ser alçados com uma I3.0 bem aplicada. Alguns exemplos são na área
de manutenção, onde além de rever o plano das preventivas já é possível adotar
uma manutenção preditiva, sensitiva e por condição em alguns casos. Essas ações
contribuiriam não somente a uma otimização dos ativos, mas também para evitar
que problemas sejam introduzidos nos dispositivos ao executar inspeções
desnecessárias.
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I had the pleasure of having a chat with Paulo Henrique V. Soares, a senior electrical engineer, who works for a Brazilian multinational that is one of the largest mining companies in the world. The focus of our conversation was Industry 4.0 (I4.0).
For Paulo Henrique, the biggest gaps that companies currently face are related to the lack of professional training. On the one hand, this may be due to training, in particular technical courses that have suffered a reduction in the timetable and duration. On the other hand, there is a gap between the skills matrix of professionals and the market demand.
Many projects linked to I4.0 cannot be completed successfully. A tip given by the interviewee was the importance of having clear communication between all project stakeholders. In addition, he recommends setting an objective scope and avoiding adding functions later, focusing on the points that really matter and add value.
In the digitalization journey, the role of leaders is fundamental. For Paulo Henrique, one of the leaders' priorities is to continuously work on training the teams. It is normal for the teams to have some exceptional professionals, however he emphasizes the importance of horizontally developing the team's skills. In this way, it is possible to increase the level of the entire team so that all members are able to solve the challenges faced.
Increased digitalization brings a major technological challenge to the factory floor linked to cybersecurity. Cyberattacks are a reality and some examples that have occurred in industrial environments in recent years are: LockerGaga that encrypted data from a large Norwegian steel company last year, NotPetya that quickly spread and affected several large companies in Europe in 2017, and perhaps the most striking Stuxnet, discovered in 2010, that attacked uranium enrichment plants in Iran. As these examples show, multinational companies are not immune to attacks of this category. Moreover, the attacks can be done intentionally or unintentionally and by internal or external agents. The point is that as digitalization increases, so does the exposure of industrial systems.
Paulo Henrique recalled some good practices that can be adopted to protect against cyber threat. The segregation of industrial networks in VLANs by process areas, for example, or preventing access to industrial networks, either by physical means, with doors, locks, blocking the ports of switches, or by software, properly configuring firewalls. In addition, it is important to maintain an up-to-date firmware control of the other devices.
Our chat ended in a pragmatic way. Paulo Henrique mentioned that before moving to I4.0, good results could already be achieved with a well applied I3.0. Some examples are in the maintenance area, where in addition to reviewing the preventive plan, it is already possible to adopt predictive, sensitive and condition maintenance in some cases. These actions would contribute not only to an optimization of assets, but also to prevent problems from being introduced in the devices when performing unnecessary inspections.
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